A CASA DO ALTO - I
A Raúl Brandão
Aquelas soltas pedras serpeando a Arrochela
Que o ruim caminho bordejava para o Alto
Suspeitavam que aquela Casa era singela.
Cascatas de água clara em sussurrante assalto
Celebravam trinando a aposta em lá chegar
Topando as botas no granito e no basalto.
Um sorriso de sol, bovinos a pastar,
Inalando perfume a húmus pelos campos,
E o passaredo esvoaçando p´ lo pomar.
Vestida de hera verde pelos quatro cantos
A Casa acolhedora feita em pederneira
Gritava a cada palmo ternurentos prantos.
A sombra da latada esbelta e altaneira,
Plantada pelo sonho de Raúl Brandão,
Saudava ali a Casa do Alto em Nespereira.
Ali, sim, encontrei com toda a comoção
A mais bela escultura da alma da Nação!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA