ÚLTIMA ESTRELA
Última estrela encantadora e bela
Que pairas sobre a morte em sepultura
E assim de rumo inculta e tão impura,
Agora sopras à deriva em vela...
Na tua vida louca e não obscura,
Que figuras lasciva e mais singela
Em uns efeitos grandes da procela,
Ainda sangras rude e sem ternura.
Em outro novo brilho e novo aroma,
O tempo espera eterno, solto e largo,
Transformação do velho teu idioma!
O gás que brotas como sendo um filho,
Duma energia gasta em sol amargo,
Agora cais no abismo sem ter brilho.
AUTOR: Ângelo Augusto
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"Língua Portuguesa"
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac (1865 – 1918)
NOTA: O meu soneto acima do soneto do Bilac, foi escrito através das suas palavras rimas finais.