PIPAS

Da janela do carro, de passagem vi o menino,

Corria no céu, veloz uma pipa vermelha,

Dia de folga na escola, manhã de domingo...

Por certo nos olhos o brilho de uma centelha.

Tempo de inocência, dias de simplicidade,

Pés descalços, quem sabe? Um sonho apenas

Quando a única maravilha da atual realidade

Está no riso livre de uma criança pequena..

Saudade dos idos de um passado sem volta

Onde a paz era medida numa doce brincadeira

E o cansaço era a paga recebida sem revolta.

Hoje os fios elétricos matam as pipas e as crianças!

Muros altos, prédios, ruas de asfalto são fronteiras

Onde se prende a infância, sufoca-se a esperança!