SOU A AGRICULTURA QUE ESTÁ A SOFRER
É triste à roda de mim esta vida,
Ver a quinta sim, tão abandonada,
Me estão a fazer uma tal partida,
Nos lençóis desta leda madrugada.
S’esfria esta noite. Logo em seguida,
Como uma palma da mão tão desleixada,
A agricultura está assim tão perdida,
E ninguém quer saber mesmo de nada.
Eu sou a chuva que faz muita falta,
Sou o livro triste de toda a malta…
Sou uma flor que quer mesmo viver.
Sou a terra que precisa de muito amor,
Sou o alimento preciso que tem valor,
Sou a agricultura qu’está a sofrer.
LUÍS COSTA
Lamego, 07/08/2005