Dar tempo (Soneto sáfico)
.:.
Devo pensar na minha dor sem fim.
Sonhar que posso ambicionar teu sim,
não quero... Vai! E que esta vida dê,
na dose certa, a solidão do ser.
Quem tem certeza já desiste, foge...
Havendo dúvidas e medo, nossa!
Por que esperar. Sofrendo escárnio, glosa?
Se a vida deve sobejar – sim! – hoje?
Queres mais tempo? Dar-te-ei tempo, então,
a vida inteira. Reflexão, torpor.
Terás de mim tudo e meu nada, mas...
Que seja breve meu sofrer o não.
Que brote, forte, o renovar, sem dor.
Ao renascer, da cicatriz, a paz.
Iguatu-CE, 5 de outubro de 2013.
12h21min
.:.