OUTONO ENVERGONHADO
Sobre o colo da terra ressequido
Caem lágrimas de água esbranquiçada
Matando d´ alma a sede atormentada
P´ lo fogo criminoso enraivecido.
Há nas ervas um hino enaltecido
E a Natureza surge engalanada
Escancarando um´ ânsia afortunada
De um mavioso canto renascido.
O silêncio das aves, com seus medos,
Retoma o seu lugar acinzentado
Num santuário de paz e de segredos…
E os vinhateiros colhem em todo o lado,
Nas fileiras grisalhas dos vinhedos,
O fruto deste Outono envergonhado.
Que se abram dos ouriços as entranhas
E um festivo sorrir esperançado
Dê gosto prazenteiro às castanhas!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA