Crepúsculo Castanho
Memoro sempre a vez em que eu te contemplava
Da areia, ao fim daquela tarde tão adusta,
Enquanto te banhavas a sorrir venusta,
Gritando junto ao mar, que louco marulhava…
Ah! como estavas bela!… O quanto eu me encantava!…
Eras um boto lindo… uma sereia augusta
A embevecer minh’alma, já de amor onusta,
A cada vez que o teu olhar com o meu cruzava…
E de repente, no ápice do nosso enleio,
O ocaso acastanhou meu pulcro devaneio…
A cor dos olhos teus eu vi no imenso mar…
Ah!… Desde que te foste, amor, naquelas águas,
Tornou-se, a minha vida, um pântano de mágoas,
No qual também me afogo, sempre, a te nembrar…
30 de setembro–1 de outubro de 2013