INFANTIL

Me enovelo na noite, feito cão sem guarida

Dos seus olhos, perdida, a tecer a ilusão

De que um dia qualquer, mesmo na contramão

Nossos olhos se encontrem em qualquer avenida.

Aceitar que jamais, isso venha a ser fato

Me recuso e insisto, nada mais sobraria

Que a noite vazia e essa inútil poesia

Dessa lua perdida, desse riso insensato.

Busco estrelas vadias, desamarro a corrente

Que me prende na lente d´um porém sem sentido.

O que eu quero é perdido, mas insisto na aposta.

Quero outra resposta, num querer insolente

Infantil, inocente, ato até atrevido

Que nenhuma razão torne em fel a resposta.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 01/10/2013
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