INFANTIL
Me enovelo na noite, feito cão sem guarida
Dos seus olhos, perdida, a tecer a ilusão
De que um dia qualquer, mesmo na contramão
Nossos olhos se encontrem em qualquer avenida.
Aceitar que jamais, isso venha a ser fato
Me recuso e insisto, nada mais sobraria
Que a noite vazia e essa inútil poesia
Dessa lua perdida, desse riso insensato.
Busco estrelas vadias, desamarro a corrente
Que me prende na lente d´um porém sem sentido.
O que eu quero é perdido, mas insisto na aposta.
Quero outra resposta, num querer insolente
Infantil, inocente, ato até atrevido
Que nenhuma razão torne em fel a resposta.