O CORONEL
Ofereço aos irmãos nordestinos.
Lavrou e deslavrou a terra dura...
Fez valetas, calagens caprichadas
E esperou chuva para a semeadura...
Veio a seca brutal, das mais danadas.
No céu, nem uma nuvem. Que loucura!
Nas tulhas de sementes abarrotadas,
Num canto, Jaz a insólita figura
Dos gadanhos, das foices, das enxadas.
O roceiro ergue os olhos para o céu
A ver sinal da aguada que não vem
E soluça baixinho. Oh! dor cruel!
Reza apenas, não conta com ninguém!
Só na eleição, é “Amigo”, é “Coronel”,
Depois... volta pra terra, sem vintém!
Salé, 4/9/1998,às 9 h 49min Lucas Candelária.