TRANSCENDÊNCIA
Tenho em mania abrigar-me no sonho,
pois não suporto fechadas as portas,
ah, quando espanca-me um feito medonho
e atira a sobra em veredas retortas.
Para defesa me amparo em quimeras
e abrando em sopros a fúria das feras;
torno viável, percurso enfadonho,
cuido que o infame se renda tristonho.
Assim refaço, vivaz, a flor morta:
em meus versinhos singelos, bisonhos
para um amor que sereno me espera.
Sempre que em mim o sonhar vem, aporta,
vejo o futuro em semblantes risonhos...
Guardado em sonho, a esperança me impera!