Kâhn Chin - A Criança de Pedra
Sou protagonista da história
mas minha história não existe
sou o fruto que partilhas-te
comemorando sua vitória
Sou uma peça no xadrez
um peão ou algo mais, quem sabe
escolher, a mim não cabe
além de mais que um talvez
Quem eu sou, quem sabe?
sou uma figura da escuridão
um ser de pedra e coração
me perguntando ser verdade
Verdade esta que eu duvido
quem aceita-as de bom grado
ser alguém desamparado
ouvindo a voz em seu ouvido
Vozes, jamais saem de mim
não sei porque seguem ao meu lado
sou uma criança, sou um quadrado
por que eu fui feito assim?
Tantas dúvidas me perseguem
já nem sei por onde andar
quem me dera ao céu voar
longe das vozes que me seguem
Como posso dizer adeus
a uma voz que nunca existiu
sou a criança que tu partiu
em pedaços por teu Deus
Adeus monstros do armário
adeus crianças mais levadas
adeus criaturas mal-amadas
adeus peixinhos do aquário
Adeus mundo de mentiras
adeus vitórias e conquistas
adeus estrelas e artistas
adeus, mundo de mentiras
Eu vou fugir daqui
muito embora sem saber
como é que vou fazer
se nadou sou eu por aqui
Eu vou pular à terra
do mais alto topo do mundo
sou um ser mais que imundo
sou a derrota de quem erra
Eu vou fugir, eu sei que vou
sou um anjo e um demônio
o delator do pandemônio
e para o nada que eu vou
Adeus criança de pedra
adeus pobre coração
adeus maldita escuridão
me recuso voltar à cátedra
Vou-me embora dessa dor
abandono a minha maldição
quem eu sou, sem coração
que me quebra de pavor