PARA UMA ESPOSA QUE PARTIRA

Partiras, da aventura complacente,

Deixaste ao lar o último segredo,

Fitaste o mundo aberto de repente,

E no aberto mundo deu-se o medo:

E aos lábios te limpavas o outro beijo

Como se existissem em outras bocas

A sensação imunda dos desejos...

Ficaste atordoada, quase louca,

E ouvias te bater na tua porta

O domínio fatal de uma culpa...

Pensaste, o que pensaste?: - O que importa

Se o peso leva ao léu a catapulta?

Querias um amor; estavas morta.

Plantavas outro amor na seara inculta.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 27/09/2013
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