Rosa, poema e comunhão
A áspera dor moral da solidão
habitou minha infância mais profunda
e inda me pede que não a confunda
com a ferida da retaliação.
Envolto em abissal tristeza funda,
sou chuva ácida e sou poluição,
mas sou menos degraus que corrimão
na desvalida vida vagabunda.
A tosse oca na boca ressecada
é a sede que desenha meu caminho:
tenho fome de tudo e o tudo é nada.
Eu quero a rosa sangrada no espinho,
quero o poema da página rasgada
e a comunhão sagrada com o vinho.