NOS OLHOS DAS CRIANÇAS


Quase tudo agora se me afigura
duma estranheza vil, desumana,
como se toda nossa desventura
fosse uma coisa certa e humana.

Por que será que toda a ventura
fugiu das cartas da moça cigana,
visto que só a ganância e a usura
chegam a nós em triste caravana?

De quase nada agora mais me ufano
e, salvo mesmo qualquer ledo engano,
tantos choram, poucos estão contentes.

E, com tais indignidades e mudanças,
a pureza mora apenas nas lembranças
ou nos olhinhos das crianças inocentes.

Silvia Regina Costa Lima



N os olhos das crianças
O teu grito se faz ouvir e
S oa no eco da esperança.

O mundo se tornou vil
L ogo se vê as mundanças
H oje nem tudo é gentil
O certo ficou na lembrança
S egue o curso das caravanas

D eixa apenas a desventura
A açoes passaram a ser desumanas
S e há alguém contente

C omece a virar gente
R evele o segredo, tal qua a cigana
I ncentive o mundo a ser diferente
A proxime do irmão, estenda a mão
N um gesto que lembre a fraternidade
C reia! ainda podemos viver esta realidade
A mor, fé, esperança e caridade
S ão instrumentos para alcançar a felicidade.


Angélica Gouvea