*Não poderia ficar alheio ao honroso gesto com o qual a professora e poeta Tânia Meneses privilegiou este meu soneto, divulgando-o em sua vitrine literária. Silenciar não posso a esta manifestação de carinho que, certamente, expressa a de todos que me leem.
PRIMAVERA
A "estação das flores" – Primavera -,
Encheu de vida e cores os meus dias,
Meu jardim da existência e fantasias
De inefável inocência que eu tivera.
A beleza da tarde se esmera
Quando o sol já não arde, e horas sombrias
Vão pelas madrugadas longas, frias,
E colorem alvoradas de quimera.
Primavera eu descubro, ora me lembro:
Eu sou botão de outubro, um lírio aberto,
Cravo no espinho a pétala discreta.
Brindo com vinho o lírico setembro,
Cheirando a flor, licor bebo já certo
De trazer-me o sabor de ser poeta.
(Hermílio Pinheiro de Macedo Filho).
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Hermílio:
Este soneto tem mesmo o sabor suave dos campos, a doçura da brisa que vem de tantos horizontes, e o tépido paladar do vinho no inconfundível ambiente d’ “A ‘estação das flores’ – Primavera -,”.
A cada estrofe se desenha aos nossos olhos todo um dia primaveril em que a natureza faz a permuta, espalhando-se ainda pelas “madrugadas longas, frias” e colorindo “alvoradas de quimeras”.
Esse vinho do “lírico setembro”, o cheiro das flores e o toque requintado do licor enobrecem a reflexão sobre a Primavera e garantem o “sabor de ser poeta”.
O soneto de matizado clássico-romântico sugere uma reunião de poetas em torno à mesa no momento em que a tarde finda e a rua parece ser uma pessoa que toca um violão e canta uma canção de amor à Primavera. Na esquina, quieta, eu ouço o poeta declamando este soneto.
Hermílio, eu agradeço o privilégio de abrigar sua obra nesta página.
Meu abraço emocionado,
Tânia.
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Olá Tânia, muito gentil de sua parte este gesto, que muito me honra e pelo qual agradeço. É mais um presente entre outros expostos em sua vitrine literária. Comentário a valer como um prefácio ou orelha de livro. Se me falta agora a palavra certa para expressar o meu fundo sentimento, este poema ficará consigo a dizer um pouquinho mais. Ausente mas não esquecido, digo a você e a todos: quem ama sofre as ausências, quando as devia entender como verdadeiras construtoras de presenças.
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Ouvir>
http://www.youtube.com/watch?v=VyE1V6xgfog
http://www.youtube.com/watch?v=Np-m73Y30_w
PEQUENAS GAIVOTAS
Pequenas gaivotas rastejam as areias
Beliscando migalhas
E, sobre as águas, furam os olhos das sereias.
Não vão além dos voos rasantes,
Sacodem as penas sobre as tralhas.
Olham o infinito, invejosas, distantes
D’ altura do céu e do esplendor
Do voo desafiador do condor.
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