Dois sonetos sertanejos
Reminiscências
Do passado eu recordo a ingratidão
Minha infância meu lar minha família
Inda tenho primeira juvenília
Que eu cantava no velho casarão
Malhadinha querida meu rincão
Um cenário de luta e vigília
Que ficara a rondar como quizília
No meu rústico e triste
Quando a morte matou mamãe querida
A tristeza infestou nossa guarida
Nos deixando na grande solidão
Lendo agora por sorte meus anais
Vejo a foto macabra dos meus pais,
Choro e grito atônito de emoção
Soneto: lembrança íntima
Malhadinha teu nome me fascina
És o fulcro geral da minha história
Eu fiz contigo a minha trajetória
Como a vida macabra determina
Ninguém pôde apagar a minha sina
De menestrel uma arte tão simplória
Minha luta pujante foi sem glória
Contra o rude destino que domina
Quando eu vejo o meu berço solitário
Sinto em mim o peso refratário
Do passado nefando que vivi
Que tristeza viver sem mãe querida
Sem afeto materno e sem guarida
Bem distante do lar onde nasci
Sonetos de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.