ONDAS
A onda que afoga meu ser em tristeza,
por nada se explica e em nada começa.
Engole meus sonhos, tranquila e sem pressa,
e afunda no abismo, minh’alma indefesa.
É um mundo perdido que a dor atravessa,
e, nele, não sobra nem luz, nem beleza.
Somente a saudade é que ali vive presa
a quando esta vida era sempre promessa.
Mas dizem que o mar, devolvendo, às areias,
qualquer corpo estranho, em marés, quando cheias,
promove a limpeza das águas... Decerto,
mais limpa é a praia em lugar mais deserto
e as ondas que vêm e que vão, sobretudo,
não podem roubar-me a coragem... E eu mudo!