Buganvília de Lástimas
"O que serei, então, depois de velho."
António Nobre
Em trágicas ruínas, tristemente
Tenho por resumida a juventude;
Turvou-me a aurora prematuramente
A escuridão mortal da senectude.
Envelheci — no alvor da solitude —
Lançado no infortúnio, penitente;
É-me pesada, tão intensa e rude
A mão do meu fadário de sofrente.
A flor da idade é bela, forte e ardente!
Quanta ventura pela vida existe!
Que eu tudo vi tornar-se decadente...
Quanta velhice em mim se conglomera!
Senhor! Não há de haver algo mais triste,
Do que um outono em plena primavera!
11/13 de Março de 2013
*Decassílabos