Dorme o tempo
Ah! Tempo vil, que tudo desintegra!
Dissolução voraz da vida fraca...
Ah! Tempo vil, que nossa vida ataca!
Carrasco desta folha que me alegra!
Desfolha toda a regra, rasga a regra!
E as vísceras recorta como faca!
A luz, que em relutância fica opaca,
Ao tempo perde a vida e fica negra!
Mas a poesia escorre pelos dedos
E o peito, tendo o amor em seus segundos,
Ignora o tempo e o crepitar das horas.
O tempo guarda em si muitos segredos...
E não resiste aos olhos mais profundos -
Dormindo nos amores das auroras.
10/09/13