Soneto ao Desencontro da Vida
Tenho a esterilidade de qualquer sentimento,
Quero a renovação de tudo que já pude viver,
Tenho da cal do meu dia toda a poesia em cimento,
Onde a moleza é a argamassa prestes a endurecer.
Meu cotidiano resume-se a minha desnutrição,
Abandono tudo que possa nutrir o meu amor,
E aos poucos me adapto a filosofia da destruição,
Dizimando esses meus sentimentos sem qualquer labor.* (sabor*)
Ser feliz não condiz, com minha real futilidade,
Vou! Visto-me com qualquer outra personalidade,
Assim se apaixona e a mim mais uma vez se rende.
Torço! Para que evapore tudo o que te prende,
Precipitado dou-lhe a sensação de ser solene,
Logo, espero secar o seu sentimento perene.