Sentido de viver
Cansei de enfrentar o mundo de cara limpa
Eu que nunca usei as máscaras machadianas
Serei, a partir de hoje, frio como um Agripa
Pois não há lugar no coração para louçanas
Nutrirei no olhar apenas o fel que me corrói
E na alma mantenho uma negritude abismal
Joga-me no mais profundo limbo que destrói
Quero a inocência de voltar a ser um animal
As presas afiadas, dilacerando a mim mesmo
Deixo para trás a angustia do ser fragmentado
Abdico de viver neste mundo andando a esmo
Busco uma razão no mais profundo do meu ser
Mas eu não encontro nada, realmente, almejado
Então, qual sentido que há no mundo para viver?