ETERNA CARÍCIA

Caso aconteça,amada,nessa hora taciturna

desse tempo que escorrega sem retardo,

que tu olhes,aos prantos,a negra urna

mortuária onde durmo aliviado fardo...

Deixa que entre em paz na minha furna

e canta,que em breve sairei galhardo;

livra-te das vestes tão soturnas

e mostra-te nas flores lis do cardo.

Quando carcomida for aberta a campa,

os anos expuserem minha ossada branca,

tua coragem vencerá essa dor pungente.

Afaga meu cabelo preso ao crânio ainda,

que na minh'alma tua carícia é tão benvinda...

Sopra-me o pó e beija-me terna-eternamente.

Golbery Chaplin. FRC

Chaplin
Enviado por Chaplin em 12/04/2007
Reeditado em 29/06/2007
Código do texto: T446862