MAL CONFESSO
(Paródia do Soneto Mal Secreto
de Raimundo Correia)
A cólera me espuma, a dor me mora
n'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
tudo me punge, tudo me devora
o coração, em tudo vejo impasse...
Se já pudesse alguém que também chora
ver-me, através da máscara da face,
quanto lamento que lhe priva agora,
então em alegria se tornasse!
Quanto estranho que chora, mal consigo,
me vendo assim se tornaria amigo
p’ra dividir a sua dor chorosa!
Quanto amigo, ao saber como sou triste,
já de seu próprio lamentar desiste
e vê que a sua vida é um mar de rosa!