Pingada poesia.
Chove letra e no papel respinga
Com a mandinga a dançar no meio
E o verso, creio, vem do gogó à língua
Tal qual a míngua que é o meu recreio.
Fujo e passeio por onde a letra pinga
Conheço a ginga e d'onde ela veio
Não fico alheio, há sangue e seringa,
E se houver pinga eu não faço feio
Pois solto o freio e o verso desfolha
Feito a rolha que saca a espuma
E uma ruma de versos na folha,
São bolhas subindo uma a uma.
Toma enfim, oh papel, meu refrão,
Não foi em vão este lápis em minha mão.
JRPalácio