Zerézimo fôlego

Zerézimo fôlego

Agonizo em meu zerézimo e último fôlego

Temeroso e certo dum futuro incógnito;

Jazo num buraco escuro, frio e lôbrego;

Aos risos e deleite dos meus tantos opósitos.

Meus olhos, sem a luz, cegam em despropósito;

Minha carne plástica morta sem os seus elásticos;

Minha alma atordoada vaga num plano inóspito;

E purga entre os porcos o meu corpo plasmático.

Ouço vozes em coro num fragor estrépito;

Em inércia assisto a tudo e todos atônito;

Plangores e risos em meu leito funéreo.

Deixo pra esse mundo cômico e dramático

Frases de efeito escritas em meu epitáfio,

Revelando detalhes do Eu enigmático.

Beto Acioli

26/08/2013