Sobram meses no salário
Ganha-se pouco; pra comer, apenas.
Sobram migalhas para as diversões.
Dívidas se acumulam às centenas,
Os credores se espalham aos montões.
E nada de supérfluo, só pequenas
Compras, fiados, muitas prestações.
Agiotas arrancam nossas penas;
Cobradores, os últimos tostões.
Um trocadinho para um pão dormido;
A última moeda vai embora;
Uma grana emprestada de um amigo...
Chega o nosso salário de pedinte.
No mesmo dia ele se evapora,
E já sonhamos com o mês seguinte.