Zerézimo fôlego

Zerézimo fôlego

Agonizo em meu zerézimo e último fôlego

Temeroso e certo dum futuro incógnito

Jazo num buraco escuro, frio e lôbrego

Ao sorriso e deleite dos meus tantos opósitos.

Meus olhos, sem a luz, cegos em despropósito

Minha carne plástica perde os seus elásticos

Minha alma atordoada, presa em um plano inóspito

Purga entre os porcos o meu corpo plasmático.

Ouço vozes em coro num fragor estrépito

Em inércia assisto a tudo e todos atônito

Plangores e risos em meu leito funéreo.

Deixo pra esse mundo cômico e dramático

Frases de efeito escritas em meu epitáfio

Revelando vestígios do Eu enigmático.