SOBRE A NAVALHA
A ilusão fantasiada de esperança
faz teimoso o indivíduo em desmantelo;
maquilagem mascara a desconfiança
no futuro entrançado, qual novelo.
A descrença e seu lívido a espremê-lo
adormece, pairando em segurança
um segundo, mas logo atende a apelo
do alarido da vida e acorda, avança.
Iludido indivíduo enfim descobre
que seu rumo adornado é mesmo pobre.
Fantasia esperança se esfrangalha.
E conclui que ilusão não muda; enfeita
a existência de rota incerta, estreita,
na agonia de andar sobre a navalha.