Guarde estes versos, para quando o tempo passar
Talvez um dia façam sentido, quiça mitiguem os ais
Se lembrares de mim, amargurar-se, cair no choro
E descobrir o que já sei, que saudade é não ter paz
Nós seremos, o que temos sido, estrelas longínquas
Já que construímos entre nós o fosso da ambiguidade
Unidos somente por este anseio contraditório da alma
Este querer que não se consuma, esta maçã sem metade
Sem ilusão de que possa este amor recrudescer no silencio
Eu só, em remendos, farei versos do que deixaste em mim
Posto que o amor é imortal, entre pedras, renasce e insiste
Assim na escuridão de viver sem amor que é o nosso fim
Sua dor e meus versos, inutilmente, levarão a luz da saudade,
A iluminar aquele nosso velho caminho, que não mais existe!