OS PÁSSAROS

Os pássaros, que vão a fugir às centenas,

Que de terem ouvido os sons das espingardas

Dos matumbos, que estão sempre a vigiar de guardas,

Do cimo em postes rumo às tão altas antenas.

E pelo tempo incerto, assim estão apenas

Meros instantes lá no alto a verem as fardas

Onde as nuvens no céu encobrem outras tardas

Esperanças, que a dor do chumbo solta as penas...

E assim fogem também as lindas borboletas,

Dum espaço ameaçado em constantes retiros

Dos pássaros, na luz das flores mais violetas.

Pelo ar já surgem mais sons de tamanhos tiros,

Das armas dessas mãos e olhares de obsoletas

Vidas, de que o trabalho assenta em tais suspiros.

Angelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 22/08/2013
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