OS PÁSSAROS
Os pássaros, que vão a fugir às centenas,
Que de terem ouvido os sons das espingardas
Dos matumbos, que estão sempre a vigiar de guardas,
Do cimo em postes rumo às tão altas antenas.
E pelo tempo incerto, assim estão apenas
Meros instantes lá no alto a verem as fardas
Onde as nuvens no céu encobrem outras tardas
Esperanças, que a dor do chumbo solta as penas...
E assim fogem também as lindas borboletas,
Dum espaço ameaçado em constantes retiros
Dos pássaros, na luz das flores mais violetas.
Pelo ar já surgem mais sons de tamanhos tiros,
Das armas dessas mãos e olhares de obsoletas
Vidas, de que o trabalho assenta em tais suspiros.
Angelo Augusto