Primeira vez
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Cada instante da vida, ao nos deixar sonhar,
revigora a lembrança e, da sangrenta aurora,
impondo esquecimento, há meus sonhos d’outrora:
segredos de menina ao deleite de amar.
Há temor quando um corpo ao seu corpo se ajunta?
Isso é normal, menina, e toda virgem sente!
Não se pode é fugir para sempre, isso nunca,
dos apelos da vida...Ah, permita-se, tente!
Deixe o corpo sentir tudo, pois a alma pede!
Revelar-se, serena, é meigo e sensual.
Rasgue-se! Dispa-se! Seja do amor a sede.
Corpo que a natureza esculpiu, natural.
Brada o primeiro voo dessa perene trama...
Nunca faça da vida ingloriosa cama.