A FACE PERDIDA

Repousa em meio às traças, no baú da sala,

A velha foto pelo tempo distorcida,

Sempre que a vasculho o rememorar me cala

E na mudez depõe pra aonde foi a vida?

Questiono as relembranças que a saudade indaga,

Do voar ligeiro da minha linda infância,

Mas respostas vãs deixam a memória vaga,

Até o meu espelho nega a semelhança.

Ao fundo, a tela plana de um lençol puído,

A calça curta e o suspensório caído,

O sorriso incontido e um tímido olhar...

Ah tempo! Para aonde mandaste a inocência

Daquela face meiga – da bela aparência?

Que espelho tu deste para eu me olhar?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 19/08/2013
Reeditado em 17/01/2014
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