A FACE PERDIDA
Repousa em meio às traças, no baú da sala,
A velha foto pelo tempo distorcida,
Sempre que a vasculho o rememorar me cala
E na mudez depõe pra aonde foi a vida?
Questiono as relembranças que a saudade indaga,
Do voar ligeiro da minha linda infância,
Mas respostas vãs deixam a memória vaga,
Até o meu espelho nega a semelhança.
Ao fundo, a tela plana de um lençol puído,
A calça curta e o suspensório caído,
O sorriso incontido e um tímido olhar...
Ah tempo! Para aonde mandaste a inocência
Daquela face meiga – da bela aparência?
Que espelho tu deste para eu me olhar?