Última luz

Não me deixes só, meu bem...

sofrer sozinha esta cruz

que já se foi a última luz

e o último verso também.

Escuridão vem e reduz

a medos as coisas mil

e esconde, por ser vil

toda a obra que cá compus.

Ah, delíquios meus d'agora!

Por que insistis nesta hora

em surgir estando eu triste?

Mas ao cantar canto derradeiro

hei de lembrar no verso inteiro

à escuridão que a luz existe.