Processo autóptico.

Chegará o dia, aquele momento,

Que é sabido por todos e que um dia vem,

Desse dia não escapará ninguém,

É o dia, enfim, do passamento.

Aí o jazigo, a pedra fria, o cimento,

Um paletó para a viajem ao além,

Já não servirá pra nada o vintém

Ou o milhão de quem foi sempre avarento.

Não viveu, só juntou o cascalhento,

Não gastou com o lado bom que a vida tinha

Ao invés d’um bom filé só uma sardinha.

Agora vê o filme em seu final: último alento!

Conclui-se então o processo autóptico:

O finado viveu pobre e morreu rico.

JRPalácio

O infeliz viveu pobre e morreu rico

Juntou a sua grana para nada.

A sua sina foi juntar pra urubuzada

Lá no caixão com certeza paga o mico.

Ah! como é tolo o homem avarento.

Negou aos seus, seus bens vida abastada

Mas ao morrer sua riqueza é usurpada

Piada é no seu final, sepultamento.

Vão fazer festa a viúva e seus herdeiros

Dele rirão seus antigos companheiros

Farão galhofa da sua avareza.

Repartirão seus despojos sobre a mesa.

Não restará nem memória de seus bens

Será lembrado na verdade, por ninguém!

Ana Gazzaneo

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 16/08/2013
Reeditado em 17/08/2013
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