SANGRIA DESATADA!

Ah! vejo sangue e me arrepia a espinha,

Minha pele, num frêmito arrepia,

Horrorizado e incrédulo o olho espia

A horrenda morte que se avizinha!

Havia sangue por toda a parte, havia

Sangue a correr da sala à cozinha,

Numa fatal vermelhidão mesquinha,

Doía-me a cabeça, em desvarios doía!

Sentia vir à boca aziago vômito,

E eram golfos de sangue amargo, e eu atônito,

Via-me no espelho, esquálido e exangue!

E indefeso e prostrado de joelhos,

Em meio a angustiantes glóbulos vermelhos,

Via a morte saciar-se do meu sangue!

V O Passos
Enviado por V O Passos em 13/08/2013
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