Sem rima, sem pé nem cabeça.
Soneto sem rima, machucando o verso,
Perdidamente distante da arte
Feito um verbo tentado ao acaso,
Melhor seria morrer em um cesto.
Sem pretexto e desleal à vaidade
E o dilema escondido na escrita
Faz sofrer a quem erra o dizer
Com a pureza refém da algema.
Pobre poeta a sofrer com o castigo...
E já se foram assim dois quartetos
E um terceto sem ver menestrel.
Condenado a morrer sem adorno,
O soneto inda espera voltar
Noutra roupa, aguarde: ele torna.
JRPalácio