DEFEITOS SÃO, E NÃO OUTRAS VIRTUDES
Se contente estou, pois, de triste fico;
Um contraste gentil em inconstância
De que me leve o corpo rutilância,
Talvez seja um defeito de fabrico.
Ora deste palhaço eu pago o mico
Pela corrente sede da ganância,
Que me revejo solto de elegância,
A meter na conversa duro bico.
Defeitos são, e não outras virtudes,
Para matar um gênio na verdade,
De ter tamanhas bruscas atitudes;
Ao soprar do meu vento em liberdade,
De gestos destas mãos deveras rudes;
A morte vive em mim na eternidade.
Angelo Augusto