DEFEITOS SÃO, E NÃO OUTRAS VIRTUDES

Se contente estou, pois, de triste fico;

Um contraste gentil em inconstância

De que me leve o corpo rutilância,

Talvez seja um defeito de fabrico.

Ora deste palhaço eu pago o mico

Pela corrente sede da ganância,

Que me revejo solto de elegância,

A meter na conversa duro bico.

Defeitos são, e não outras virtudes,

Para matar um gênio na verdade,

De ter tamanhas bruscas atitudes;

Ao soprar do meu vento em liberdade,

De gestos destas mãos deveras rudes;

A morte vive em mim na eternidade.

Angelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 08/08/2013
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