MUSA
Ó que amor, de memória tão vermelha,
Em tua pele nua, que sobejo,
Ardor, e de um queixume, que te vejo;
A fugir como mel de doce abelha,
Num silêncio encrostado de teu pejo;
Sobe à minha lembrança, como telha
Quebrada, do ciúme, e de fedelha,
Em lascivo, e infinito meu desejo!
De alma e corpo deveras tão faminto,
Em teias, que amor vê nu, em memória;
Que meu peito, assim bate por instinto
De te querer amor, de uma simplória
Delicadeza, em tanta sede, a sinto
Neste espaço, da esparsa minha história!
Angelo Augusto