REMORSO DE PAI
Eu criei-te, meu filho, nos prazeres,
Alimentando sempre tua vaidade,
E, no luxo, exortei-te a nunca seres,
O bom homem que pede a humanidade.
Eu pensava que alguém, a mocidade,
Devia aproveitá-la sem deveres,
E entreguei-te, fortuna, e alacridade,
E enganosa ilusão para viveres.
Mas hoje, de retorno a nossa casa,
Sofro ao ver a riqueza que te arrasa,
Essa melodia falsa de sereia...
E choro, filho meu, com dor tamanha,
Por fazer-te gigante igual montanha,
Sem fazer-te primeiro um grão de areia.