REMORSO DE PAI

Eu criei-te, meu filho, nos prazeres,

Alimentando sempre tua vaidade,

E, no luxo, exortei-te a nunca seres,

O bom homem que pede a humanidade.

Eu pensava que alguém, a mocidade,

Devia aproveitá-la sem deveres,

E entreguei-te, fortuna, e alacridade,

E enganosa ilusão para viveres.

Mas hoje, de retorno a nossa casa,

Sofro ao ver a riqueza que te arrasa,

Essa melodia falsa de sereia...

E choro, filho meu, com dor tamanha,

Por fazer-te gigante igual montanha,

Sem fazer-te primeiro um grão de areia.

Don Aragone
Enviado por Don Aragone em 07/08/2013
Reeditado em 16/08/2013
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