Paisagem
Que saudade! Lembro vovó desfiando seu rosário
pedindo aos anjos sua proteção;
saudade! Amor à minha terra, meu fadário,
águas de um riacho me lambendo as mãos.
Noites de verão, pirilampos trazem o cenário
para a grama seca, como um lampião
e rasga o céu a lua atrás do campanário
esquecido pelo tempo, vencido pela erosão.
Saudade! O pensamento vai ruflando as asas,
o vento sopra aroma de café nas casas,
a névoa nos trigais - que maravilha!
Saudade! O Guaíba tão vermelho ao sol se deita
e suas longas comas ao longe enfeita
os arrozais dourados serpenteando as ilhas.