Semeia e colhe
Pobre de ti, homem, que vais culpando a vida
e maldizendo os pesares do teu peito;
não sabes tu que a dor que te castiga
é a semente que te cabe por direito?
Lamenta-se em vão a natureza perseguida
e arranca, cada um, na ceifa, seu proveito;
troam centenários troncos na mata descaída,
peixes plenos de azougue disseminam o mal foi feito.
Enquanto o homem traça sua sina
de sede e de miséria em seu futuro,
a natureza, na revolta, os abomina.
Vão secando os rios, bichando os frutos,
o alvor dos olhos torna-se ao escuro
e, ao final, seremos todos tristemente brutos.