ENTRE PUNHAIS E VENENO
Debaixo de um céu derramando punhais,
com nuvens pesadas de angústia, amargura,
precisa vestir-se de plúmbea armadura
tentando manter seus resíduos finais.
No mundo gigante inexistem locais
que o abriguem do céu a espalhar sangradura
e ao chão, derradeira gotinha ternura
é haurida, sugada por vermes letais.
E mesmo à aflição de vivente enterrado,
brutal desconforto de achar-se enredado,
ainda acredita em nascente de ameno.
Escapa insistente dos fios da rede,
e encontra, afinal, desvairado de sede,
nascente fartíssima de água e veneno.