DIANTE DE UM PÁSSARO

Pássaro que alça voo sem pensar,

livre da inquietação da consciência,

me dê um pouco dessa sua essência

pra que meu voo eu também possa alçar?

Também já fui um passarinho do ar;

vesti, também, as penas da decência,

mas, de humano que sou, a consequência

foi a loucura de deixar de amar...

E o pássaro, pousado no seu galho,

assim responde-me, num tom suave:

Homem que nessa terra é vil e falho,

livre será, como eu e qualquer ave,

só quando, morto, sem mais ter trabalho,

a sua mão de todo mal se lave.

Kleiton Muniz
Enviado por Kleiton Muniz em 05/08/2013
Reeditado em 25/02/2017
Código do texto: T4419825
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