DESERTO

Quase a morrer em meio à seca do deserto,

vive entre as pedras, muito além do seu destino,

árvore seca, e esgalha o tronco e um ramo fino

procura o azul e sonha estar do céu mais perto.

Houvesse a chuva, houvesse um pobre peregrino,

que ali deixasse um quase olhar, talvez – que incerto! –

deitasse um broto e um germe ainda pequenino,

fosse a certeza de um verdor mal encoberto.

Tão sem cuidado, entregue à própria natureza,

na solidão da areia, eternamente presa,

quase não tem mais seiva e dorme enquanto espera...

Não há sinal de chuva e nem de primavera!

Mas passarinhos já fizeram dela um pouso,

qual miradouro para um mundo mais formoso.

nilzaazzi.blogspot.com.br