ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA
O poeta mais fraco em Portugal,
E que escreve sem arte nem engenho,
De desterro, e perdido no seu lenho
Da dura sorte em cura espiritual.
Nobre conhecimento mais cabal;
Da situação tão drástica, e desenho
Da sepultura atroz, que assim me venho
Confinado à beleza, por sinal!
Que mais penso no fim, assim de resto;
Como um sopro de mórbido veneno,
Em meu letal sentido fraco e honesto.
Que por mais que me julgue tão ameno,
Em corpo tudo largo do meu gesto
Simples, gentil, de amor nada sereno...
Angelo Augusto