ESSÊNCIA DA ALMA POÉTICA

O poeta mais fraco em Portugal,

E que escreve sem arte nem engenho,

De desterro, e perdido no seu lenho

Da dura sorte em cura espiritual.

Nobre conhecimento mais cabal;

Da situação tão drástica, e desenho

Da sepultura atroz, que assim me venho

Confinado à beleza, por sinal!

Que mais penso no fim, assim de resto;

Como um sopro de mórbido veneno,

Em meu letal sentido fraco e honesto.

Que por mais que me julgue tão ameno,

Em corpo tudo largo do meu gesto

Simples, gentil, de amor nada sereno...

Angelo Augusto

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 02/08/2013
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