(foto da autora)
"...Que pena, foi um sonho e acordei!
Abrindo os olhos tristes relembrei;
Há tempos tu te foste à sepultura!"
(Arão Filho, in HÁ TEMPOS)
FLORES DE PEDRA
Que buscas na escuridão da noite, alma mia?
Que procuras no ocaso da sombra, olhar meu?
Na terra jaz a alegria que senti, um dia,
Só restou o silêncio, tudo escureceu…
Porque te foste, ó maior dos amores?
Qual a razão de me deixar aqui tão só?
Sinto-me sucumbir perante tantas dores,
Pouco a pouco vou-me desfazendo em pó…
Não sei mais quando é noite, quando é dia,
Nada mais é distinguível neste pesar;
Porque te foste, pássaro da alegria?
Não mais ouvirei o teu alegre gorjear!
Meu jardim é agora um ermo santuário,
Flores de pedra... um túmulo solitário...
Ana Flor do Lácio
Obrigada, Miguel Jacó, pela sua presença e lindíssima interação.
Um abraço, com a amizade e a consideração de sempre.
NÃO ME FOSTES COMPENSATÓRIO GUARDIÃO
Teu corpo não me fostes compensatório guardião,
Não me prives por agora ser um mero expectador,
Das mazelas que irão juntas à sepultura amanhã,
Encerrando uma existência conduzida sem o afã.
O viver é espontâneo mas contem suas demandas,
Os tantos vícios inerentes e pessoas são profanas,
Respiram suas mazelas quando a alma se desfaz,
E buscam justificativas pra desalentos costumas.
Desnorteados somos vítima e descasos a deriva,
Não sabemos mas ao certo quando a vida é fiel,
Pousamos de banqueiros nosso espírito esmoléu.
Te refaz em outros prantos me abandona por aqui,
Se acaso lembrar de mim não esqueças já morri,
Mas a culpa não é só sua, pois eu falhei e desisti.
Miguel Jacó