AMANHECI

A última guimba de cigarro,

Ela se levantou e eu paguei;

Um adeus vazio e no jarro

Um vinho tão seco que engasguei.

Do último beijo agora escarro

O gosto da puta que beijei;

Antes ter esse gosto amargo

Que a cruz que em meu peit'eu cravei.

Ela foi... E fechou também a porta,

Agiu como alguém que se importa

Comigo... Enquanto anoiteci.

Trancado, vejo essa alma torta

Num corpo em que a lira jaz tão morta,

E eu , sem meu sol, amanheci.

Isabella Cunha
Enviado por Isabella Cunha em 31/07/2013
Código do texto: T4413590
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