Primeiro motor
Quando do primeiro encontro com o Amor,
Eu ainda era adolescente, li um belo soneto:
“Busque Amor novas artes”, lindo quarteto,
Primor feito de um sentimento muito maior.
Depois vi que Amor era meu grande epíteto,
Que nunca com ele a vida poderia ficar pior,
Nem jamais na vida eu me sentiria inferior;
E, “Não temo contrastes”, estava completo.
“Amor um mal”? Recusei-me a crer nisso;
Pois “Pera mata-me” é preciso ser omisso,
E, pela vida inteira, dele fui seu submisso.
Agora que as pratas já andam me tingindo,
Eu creio que o soneto é, ainda, o mais lindo,
E o “um não sei quê” continua me nutrindo.