Herege

O Amor no mundo passa muito arguto;

Junto às almas clamando pela Crença,

Mas em mim só encontra indiferença,

Pois deste credo nada mais escuto.

Seu discurso prosélito, poluto,

Aos peitos contamina como doença;

E não há no seu verbo uma sentença;

Que das vãs ilusões não seja fruto.

Ah! dizes que me engano sobre o Amor...

Que dele emana o Riso e não a Cruz,

Mas sei a vastidão do precipício,

Pois fui já seu mais probo seguidor;

E, cego pela Fé, um dia eu pus;

Meu coração no altar do Sacrifício!