(Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Foto da autora.)
ILUSÓRIO SONHO
O sonho é próximo ao canto da sereia,
Ilude através do seu imenso disfarce,
De mim se esconde, não mostra sua face,
Engana quem por ele clama e anseia…
É raio de sol, m'ilumina com sua luz,
Solta-me ao vento, minhas asas embala.
Junto ao meu coração, suave, fala,
Engano-me, se penso que me conduz…
Ah, ilusório sonho! Não vês mais o viço
Da jovem e alegre gaivota d’outrora!
Hoje voa, cansada, n’outro espaço,
E, com o vento, as ilusões vê ir embora…
E n'alma que, um dia, foi leda e inspirada,
A dor não grita… permanece calada!
Ana Flor do Lácio
Prezado Américo Paz, agradeço sua presença que sempre ilumina minha sala e a lindíssima interação. É uma honra publicar seu soneto na minha singela página. Um abraço, com o carinho e admiração de sempre.
O sonho é encanto, imensa teia,
Ilude e aumenta o disfarce;
De mim se esconde, não mostra sua face;
Engana quem por ele clama e anseia...
É raio de sol, um sopro de areia...
Solto-me ao vento, ganho asa de alface;
Junto ao meu coração o chão, o impasse;
Engano-me ou sou mesmo u'a sereia?
Ah! ilusória aranha, vês o viço,
Asa de alface, chão duro d'outrora!
Vão-se os anéis, ó dedo roliço,
Que com o vento vê tudo ir agora.
A aranha tece, eu volto ao serviço;
A dor não grita, a poesia vai embora...
(Américo Paz)
Ilude e aumenta o disfarce;
De mim se esconde, não mostra sua face;
Engana quem por ele clama e anseia...
É raio de sol, um sopro de areia...
Solto-me ao vento, ganho asa de alface;
Junto ao meu coração o chão, o impasse;
Engano-me ou sou mesmo u'a sereia?
Ah! ilusória aranha, vês o viço,
Asa de alface, chão duro d'outrora!
Vão-se os anéis, ó dedo roliço,
Que com o vento vê tudo ir agora.
A aranha tece, eu volto ao serviço;
A dor não grita, a poesia vai embora...
(Américo Paz)